segunda-feira, 23 de março de 2009

O SIGNIFICADO DE HEGEL PARA A HISTÓRIA


A Filosofia da História por si, elabora o estudo do pensamento humano através do tempo. No contesto histórico-filosófico de Hegel, encontramos em sua contemporaneidade, a visão da transição do fim da Baixa Idade Média, onde, poderíamos encontrar as influencias da filosofia hegeliana indicadas na constelação histórica no ano de seu nascimento: 1770. Naquele ano, muitas ocorrências históricas marcaram o tempo. Maria Antonieta, a arquiduquesa da Áustria, casava-se com o apático delfim da França. Em Ajácio, Napoleão, o segundo filho de Letícia Bonaparte, acabava de aprender seus primeiros passos infantes. O capitão Cook, contemplava sua primeira viagem em torno do mundo. Já em Boston, Massachusetts, nos EUA, alguns soldados ingleses atiravam em uma multidão de colonos.em Königsberg, na Alemanha, Immanuel Kant, lia uma dissertação a respeito da forma e dos princípios dos mundos da inteligência e da sensibilidade e da situação do homem entre ambos. No outro lado da Alemanha, em Estrasburg, um jovem estudante, Goethe, escrevera alguns poemas que varreram toda a Alemanha para dentro de seu amor sensual por Friederike de Sesenheim. Um pouco mais tarde o romance de seu segundo amor: Os Sofrimentos do Jovem Werther, varria o mundo até a longínqua China, em uma onda de suicídios românticos. Na França, naquele mesmo ano, o barão de Holbach publicou um tratado mostrando que o mundo, longe de ser um lugar romântico, nada era senão um grande mecanismo automático. Quando Hegel morreu em 1831, o corpo decapitado de Maria Antonieta, jazia numa vala comum em Paris. Napoleão e a Revolução haviam percorrido seus caminhos. Os ingleses e a revolução de Metternich haviam se encarregado dele. A República norte-americana tomara seu lugar entre as potências e seus navios velozes percorriam os Sete Mares. Goethe serenamente observava uma vida de muitos conflitos que fundia em forma clássica e selava seu épico de fausto, o homem universal que transcende o mundo de sensualidade. Holbach estava fora de moda, contudo, um garoto de treze anos em Trier, Karl Marx, nascido no ano em que Hegel se tornara Professor de filosofia na Universidade de Berlim, já começara a descobrir a filosofia. Este foi o contesto histórico que percorreu no ocidente na época de Hegel.
O espírito filosófico hegeliano é menos autoritário do que em geral é representado. A verdade, a partir de suas obras, especialmente quando mal compreendidas, é que se pode basear uma acusação em seus pontos de vista autoritários, mas, a partir das mesmas obras se pode argumentar a favor dos pontos de vista opostos.
No sentido histórico-filosófico do pensamento metafísico, na concepção histórica podemos dizer que a filosofia começa em Platão e termina em Hegel. Já posterior a Kant, Hegel naturalmente não teve influencia a seu antecessor. Todavia, sua influência em Kant. Contudo, sua inspiração foi profunda na filosofia de Hegel. Ele, rejeita o programa de Kant de examinar a faculdade de compreender antes de examinar a natureza das coisas. Para ele, as coisas e pensamentos estão dialeticamente inter-relacionados. Hegel comparava o programa de Kant como o do escolástico que queria aprender a nadar antes de se aventurar a entrar na água. Para ele, o pensamento reconhece às próprias coisas.
O processo dialético caracterizava a percepção metafísica e religiosa de Hegel. Ele concebia o ser primordial do mundo, a Mente ou o Espírito Universal, desdobrando-se por meio de sua criação e finalmente chegando à realização no espírito humano. Para Hegel, o Absoluto inicialmente situava-se na imediação de sua própria consciência interior, depois nega essa primeira condição, expressando-se nas particularidades do mundo finito de espaço e tempo e, por fim a negação da negação, recuperando sua essência infinita. Assim, a Mente supera seu estranhamento do mundo, um mundo que ela mesma constituiu. Deste modo, o movimento evolui da consciência do objeto separado do sujeito, para o conhecimento absoluto em que conhecedor e conhecimento tornam-se comum.
O significado da história para Hegel, todo sistema é tributário em cima da grande tríade: IDÉIA – NATUREZA – ESPIRITO. A Idéia-em-si é o que se desenvolve a realidade dinâmica do depois, ou antes do mundo. Sua síntese, a Idéia-fora-de-si, isto é, o “espaço”, e Natureza. A Natureza, depois de passar pelas fases dos reinos mineral e vegetal, se desenvolve o homem, em cuja consciência a idade se torna consciência de si. O mundo é a história do desvendamento divino, um constante processo do vir-a-ser, um imenso drama em que o Universo se revela para si mesmo e obtém sua liberdade. O homem – seu pensamento, cultura, história – é o centro desse desdobramento, receptáculo da gloria de Deus. Por isso, para Hegel a teologia era substituída pela compreensão da história: Deus não está além de sua criação, mas, é o próprio processo criativo. O homem não é o espectador passivo da realidade, entretanto, seu co-criador atualmente, a História é a matriz de sua realização. A essência universal, que constitui e permeia todas as coisas, finalmente chega à consciência de si mesma no Homem. No apogeu de sua longa evolução, o homem obtém a posse da verdade absoluta e admite sua unidade com o espírito divino que nele se realizou. O “espaço” em que a Natureza se desenvolve é o espaço-tempo-físico. O tempo em que o Espírito se desenvolve é o tempo da consciência, no qual, o Espírito “esvazia e internaliza” a si e extingue as “fases” a si e extingue as “fases” da história.



Leo Durval

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